17 de Outubro - Dia Mundial contra a pobreza e a exclusão social
Fotografado em Coimbra, 23 - Setembro - 2009
Fotografado em Coimbra, 23 - Setembro - 2009
Em toda parte os párias andam a sós. São os miseráveis que o mundo venceu e tomou-lhes as oportunidades de sobrevivência. Reúnem-se em maltas de criminosos e farândolas de tristes; assustadiços, fazem-se agressivos, no país do esquecimento onde estabelecem morada. São os que tiveram negado o direito de viver, conquanto sejam os frutos amargos da árvore da sociedade malsã.
Os párias não têm nomes, usam apenas uma designação a que se acostumaram a responder. Sua família são os encontros fortuitos, seus amores a aventura amarga, suas paisagens as sombras das pontes, as margens dos rios, os pântanos e as palafitas, os morros e as favelas, donde espiam, filosofando com o cinismo da miséria, os outros...
Mas, esses são os párias económicos, os abandonados sociais.
Os outros, os párias de luxo, esses brilham na ilusão e se refestelam no conforto em que amolentam o carácter, já debilitado, e esfrangalham as esperanças frouxas dos outros párias, tomando-lhes, ou, para ser exacto, roubando-lhes os direitos humanos que também deveriam ter, mas não têm. Aqueles, os párias por falta de dinheiro e família, são chamados “chagas sociais”, mas os outros, os que fulguram em manchetes de jornais, não têm epíteto, porque não há substitutivo para a expressão câncer moral.
Onde estes últimos estão, são eles que têm a miséria e fomentam-na, proclamam acusações contra a impiedade e são os responsáveis pela criminalidade de vário porte, enjaulando nas próprias garras a justiça que os não alcança nos crimes violentos que praticam com as mãos enluvadas; são os que se utilizam das leis em falência para cercear a liberdade daqueles que já são prisioneiros de si mesmos, mas paredes sujas da infelicidade, e trancafiá-los nos cárceres onde colocam guardas armados, fazendo que os carcereiros, que os espionam e sobrecarregam de injúrias, não passem, afinal, de prisioneiros que tomam conta de outros prisioneiros.
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Divaldo P. Franco - Párias em Redenção
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