quinta-feira, 5 de março de 2009

CRISE...crise...CrIsE...cRiSe....


Todos sabemos que a vida está difícil, e eu falo por experiência própria, pois tendo um pequeno comércio de aldeia, estou a sentir as consequências... Mas se a Crise existe ela está a ser ainda pior que efectivamente poderia ser devido principalmente aos órgãos da comunicação social, e muito especialmente às TV's que parece que encontraram o seu filão de ouro para estarem a martelar constantemente no mesmo tema e até parece que estão muito satisfeitas com tudo isto (é ver o ar com que os apresentadores dos telejornais anunciam mais encerramentos de fábricas, mais desemprego, etc... até parece que estão a dar notícias do primeiro prémio do euromilhões). Permanentemente martelam no assunto, levando a que as pessoas com menos cultura andem aterrorizadas com tudo isto, chegando muitas ao ponto de deixarem de comprar seja o que for, só para guardarem o dinheirito, porque o "futuro vai ser uma tragédia, como diz na televisão". Bolas já chega! Quem está a sofrer com tudo isto são os pequenos comerciantes, que são sempre os que levam pela tabela.
O País está todo de pernas para o ar. Mas a crise é de quem: é de nós arraia miuda ou é de um governo que teima em construir TGV e aeroportos megalómanos; é desses simples homens e mulheres que lutam diariamente para ter uma vida digna ou é desses abutres que só porque tiveram no ano que findou SÓ não sei quantos milhões de lucro nas suas empresas despedem; é de quem se levanta de madrugada para ir ganhar o pão nosso de cada dia e poder pagar as suas contas ou é desses ladrões de colarinho branco que desviam milhões dos bancos.
Cada vez me convenço mais que vivemos numa selva e quem conseguir comer (o seu semelhante) é que sobrevive. Não há moral, não há justiça, não há perdão, não há sensibilidade.
Se queres viver no meio de uma sociedade em que a corrupção impera, tens que ser como eles.
Se queres sobreviver e ter alguma coisa de "teu" terás que ser como esses grandes senhores que tudo têm ainda que seja à custa de falcatruas e desonestidades, mas que têm bons advogados para os salvar. E depois falam no aumento da criminalidade... qual criminalidade, a daquele que num supermercado qualquer "roubou" qualquer coisa de comer porque tem os filhos em casa com fome ou a criminalidade dos grandes senhores que encerram as suas empresas depois de terem desviado o que era possivel desviar e aproveitando a tal crise dão-se como falidos e deixam os seus trabalhadores no desemprego, sem nada.
Veja-se o caso dos bancos e financeiras que por aí proliferam e esses milhares de pessoas que hoje estão na falência, uns recorrendo aos bancos alimentares, à DECO e infelizmente ao suicídio. Foram bombardeados através de cartas e telefonemas para que fizessem créditos e hoje por diversas circunstâncias estão a ser bombardeados com as penhoras. Bastava-lhes responder SIM num telemóvel qualquer e o dinheiro aparecia nas suas contas bancárias. Agora tentam salvar o que é possivel salvar e as respostas são sempre NÃO. E muitos desistem de tudo: da família, do que tinham, da própria vida, perdendo-se pelos bancos de um jardim duma cidade qualquer, estendendo a mão àqueles que ainda os vão olhando de cima, ou acabando por apertar o nó da corda que lhes puseram no pescoço.
BASTA. Estou farto de tanta crueldade.

ESTE TEXTO FOI PUBLICADO NA EDIÇÃO DE 8/04/2009 DO JORNAL DA MEALHADA

1 comentário:

António Gallobar - Ensaios Poéticos disse...

Sem duvida é um excelente trabalho mais actual não poderia ser e motivo de uma grande preocupação mas a esperança é a ultima coisa a morrer amigo João, tem muita razão quando diz que a comunicação social TV e Jornais (que agora parece que também estão em crise segundo noticias de hoje, preparando-se para despedir Jornalistas).Mas sem duvida que a Tv ajuda a difundir e muito estas e outras desgraças, mas estou certo de que havemos de ultrapassar isto

Um abração